"'Você não vai se sentir melhor sentindo menos"
Por que cumprimentos me fazem sentir 2% bem e insultos 87% pior?
E ontem era segunda e eu estava ouvindo aquela música de 1986 do New Order, qual era o nome mesmo? Bem, não importa o negócio é seguinte, chegue mais perto para ler isso, sim, isso, obrigada.
Eu ouço muita música analógica, a música eletrônica atual me faz ter dor de cabeça, e é por essa e outras que ouço New Order, o grupo remanescente do que sobrou do Joy Division após o suicídio de Ian Curtis e Bizarre Love Triangle (Rá, lembrei o nome) sempre é colocada para tocar no spotify em minhas playlists, o Ramdom aleatório me faz ter devaneios e analises sobre o cotidiano.
As vezes eu desejo fazer uma caminhada pelas curvas do meu cérebro a fim de conhecer cada pensamento como único. Passar as mãos pelas paredes de carne rósea que são lavadas por ondas de sentimentos, ligações elétricas e agentes químicos perigosos. Às vezes eu desejo tomar um bisturi em mãos e fazer um portal circular perto do lóbulo frontal e explorar um pouco; quem sou eu? O que é tudo isso? O que está realmente acontecendo? E essas informações que você anda me enviando, serão elas as corretas? Olhe lá, hein! Não me faça enxergar o que não é real.
Desejo entrar num bate papo entre 'parças', só eu e o meu cérebro, para tentar entender porquê diabos eu não acredito no poder de boas palavras moldadas em cumprimentos ao serem proferidas a mim, mas sinto todo o poder negativo desamparador de insultos. 'Não é um problema meu mas é um problema que achei' é o que Bernard Sumner disse em Bizarre Love Triangle em 1986 e que de alguma forma permanece tão atual em mim.
Não é um problema meu quando sou insultada, afinal de contas se não sou o motivo direto de tais insultos, por que me sentir atingida? Por que deitar no chão e me entregar as adversidades que comem minha alma com crueza? Mas, está tudo bem, não estou dizendo para pedir uma das armaduras do Homem de Ferro emprestado e tornar-se um insensível, a questão é a seguinte: a atenção concedida aos insultos que definem a porcentagem atingida. É um lance pessoal.
A questão dos 2% é a seguinte; a banalização das palavras e sentimentos. 'Bom dia' tornou-se um cumprimento e não um intento, um desejo ao próximo. É uma daquelas frases pequenas que há muito tempo se desassociou do seu real significado, um dos motivos do porquê as pessoas geralmente sentem-se 2% bem com cumprimentos gerais.
E aproveitando esse contexto igualitário que a sociedade está promovendo agora e que tal dividir? Sentir-se igualmente atingido; 50% elogiado e 50% insultado.
Kendra Silveira
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